As abelhas desempenham várias funções bem conhecidas ao longo de seus 60 dias de existência. Elas coletam pólen, defendem a colmeia, produzem mel e atuam como cuidadoras da prole em desenvolvimento. O que ainda não se sabia é que algumas dessas babás – ou “enfermeiras”, como chamam os pesquisadores – têm uma característica diferente das outras: a capacidade de aumentar a temperatura do abdome.
A descoberta foi observada na comunidade de abelhas sem ferrão uruçu-nordestina, analisada pela bióloga Yara Roldão, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, durante sua pesquisa de doutorado sobre termorregulação.
A pesquisadora observou que algumas das abelhas enfermeiras, que cuidam da prole dentro do ninho, são capazes de produzir calor em seu tórax contraindo a musculatura e armazenando gordura no abdome. Desta maneira, atingem uma temperatura até 4º C mais alta que as companheiras. Nesta fase, que acontece entre o décimo segundo e décimo quarto dia de vida, o seu trabalho é andar pelos favos de cria conferindo se as abelhas em desenvolvimento estão vivas. “É nessa época que ela apresenta o ovário mais desenvolvido e também é mais quentinha”, conta Yara.